domingo, 20 de setembro de 2009
A Walter Franco
Som
Teste Teste
1,2,3...
Hora de partir.
Adentrar o musical,
abstrair o real mudo
afogado de sensatez.
Seguem as estrofes,
as escalas,
o meio tom.
Surge um agudo triste,
palavras fincas
de rimas desastrosas.
Do outro,
olhar de estranho,
nada se encaixa,
melodia desatenta.
De mim,
poesia de louco,
excêntrico rei,
reinado de poeta maldito.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Separando Pedaços
Hipnotismo barato,
discurso plagiado
sob formas perfeitas.
Mobiliza percepções,
sutura temporariamente,
agrava a ferida.
Cheira flor,
exalada com doçura,
de longe prende,
de perto é podre.
Do ontem vinga só o sangue,
o presente apático cala o que passou,
memória muda,
fingidora de simpatia.
Resta-lhe a existência.
não há laços,
segurança,
ou poesia.
domingo, 21 de junho de 2009
Sem Dono
O dia úmido,
chora o maltrato,
rega a terra coberta de piche.
Na laje,
choro de crianças,
desgraça de velhos.
Sem roupa ou documento,
o homem se vê talado,
urrando a injustiça maior do mundo.
De pés descalços,
o menino que sobe no barco de isopor,
prancha até o outro lado da rua.
Ratos e cachorros adestrados
convivem juntos a aflição.
Árvore, lixo e céu fazem a paisagem natural,
cheiro de podridão,
o homem-urubu fazendo seu cotidiano.
Quando o biológico chega de alarmar,
a família volta ao colchão
e entope o riacho com o sofá encharcado.
Quem é a vítima?
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Levemente
Caminhos verdes,
Terra nos dedos,
Cabeça vazia de vento.
Purificado o até os fios
As palavras sopram amenas,
A melodia, fleuma.
O que sobra,
Não é mais de necessidade.
O que resta,
Acomoda-se quente.
O arrepiar dos pêlos é freqüente,
As sensações se reinstalam.
Mora junto aquele morno,
Mas é o passado saindo para longe.
De passo a passo,
Ar rarefeito entra gélido pelo nariz,
E sai queimante pelos poros.
Equilíbrio entre corpo e mente,
Sensação de completude abstrata.
Enquanto o mundo enxerga o inverno,
Aqui dentro voam folhas verdes.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Bombeando
Fadiga que reflete nos pulmões,
Ar rarefeito,
Alta altitude interior,
Projeto psicossomático.
Envolve a queda,
O retorno,
O terror,
A suposta tragédia.
Seguido o susto,
Sem piegas
Ou meio tempo,
O semblante ofusca.
Por meio de penumbras,
Segue calada
A fala muda.
Vai em frente via pontes frágeis.
Por menos,
A soma do provável
Caiu sobre a coluna
E raspou as digitais.
Ar rarefeito,
Alta altitude interior,
Projeto psicossomático.
Envolve a queda,
O retorno,
O terror,
A suposta tragédia.
Seguido o susto,
Sem piegas
Ou meio tempo,
O semblante ofusca.
Por meio de penumbras,
Segue calada
A fala muda.
Vai em frente via pontes frágeis.
Por menos,
A soma do provável
Caiu sobre a coluna
E raspou as digitais.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Sem ComPasso
Quase no fim
Mas ainda emperra.
Segura a alma,
Entristece o semblante,
Amorna o dia.
Parece mais com relógio avesso,
Gira com a demora do minuto,
Cada milésimo passado.
Igual a música que está a acabar,
Insiste na última batida,
Continua inebriando,
Mas deixa cego da próxima nota.
Contrário do som,
Desvaira a beleza,
Bate em descompasso.
Demasiado regressivo,
Segue um transviado alívio,
Frio, esquelético, indócil.
Com outro começo,
Aguarda o alicerce.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Despoema
SXC banco de imagens
Quem é aquele que te assombra?
Sorriso firme
Fala grossa
Olhos compenetrados
O que é aquilo que te devora?
O passado
A noite
O futuro
NA HORA DO ÊXTASE,
A RAZÃO DEVE FALHAR.
QUEM SENTE COM O JUÍZO,
NÃO PODE SER DE FÉ.
E por dentro segue a podridão.
Nada se vê
Nada se sente
Mas tem tudo pra ser fético.
Por fora, sombra mal formada.
Vai sem mim
Corre pra longe
Persegue a máscara.
Agora vaza o que nem sentido tem.
Reflete na poça de lágrima,
Vira para o lado esquerdo,
E dorme.
Sorriso firme
Fala grossa
Olhos compenetrados
O que é aquilo que te devora?
O passado
A noite
O futuro
NA HORA DO ÊXTASE,
A RAZÃO DEVE FALHAR.
QUEM SENTE COM O JUÍZO,
NÃO PODE SER DE FÉ.
E por dentro segue a podridão.
Nada se vê
Nada se sente
Mas tem tudo pra ser fético.
Por fora, sombra mal formada.
Vai sem mim
Corre pra longe
Persegue a máscara.
Agora vaza o que nem sentido tem.
Reflete na poça de lágrima,
Vira para o lado esquerdo,
E dorme.
domingo, 5 de abril de 2009
Coração de Vento
De ponta cabeça,
Virado do avesso,
Perdido no ponto.
Qual sentido faz?
Só estilhaços de mim.
A parte que falta
Não tem encaixe,
O que restava fixado,
Acabou por esfarelar.
Pensamento inconsciente,
Inconseqüência racional,
Nada é coerente.
O mais perigoso
São os caminhos fechados,
Sem retorno,
Sem desvios,
Levando a lugar algum.
Obrigam a ficar no fronte,
Mesmo sabendo não ser a calçada certa
Para encontrar chegada.
Ao todo, não há certezas.
Só desencontros,
Sinais errados,
Cálculos mal ordenados,
Verdades caladas.
De resto, não há dúvidas.
Amanhã levanto,
Desligo a lástima,
Volto ao que não sou.
segunda-feira, 30 de março de 2009
No chuveiro
SXC banco de imagens
Água que corre ao ralo,
queima o ombro,
Mistura ao olho.
Desce sem ritmo.
Com pressa de ir,
Leva o que não cabe mais.
Transborda o corpo,
Urra a quietude,
Silencia o nó da garganta.
Explosão de temperatura,
Rima o que ensaboa,
Chora o que não é lavado.
Fadiga de quem não quer mais,
Fecha o pingo,
Abre a boca.
Hora de voltar para a fumaça,
engolir o erro,
tornar-se apático.
Sem rebater,
Sem impugnar,
Sem saber o que se é no meio do que já se foi.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Dois e Meio
SXC banco de imagens
Outro viés do mesmo capítulo.
Sem cá,
Nem pé,
A sintonia é o que movimenta.
Tempos reiterando a paz,
Em outros,
Aclamando a excitação,
Tudo gira.
Só o que não pesa, jaz.
Sem fundura,
Nem aspereza,
Permanece o que me carrega.
Verdades ao alto,
Pensamento não se esquiva.
Calcanhares pelo chão,
Prisão do inevitável.
Nem meio belo,
Sem inteira cor,
O que passa é desnutrido,
O que chega não para em pé.
Sem cá,
Nem pé,
A sintonia é o que movimenta.
Tempos reiterando a paz,
Em outros,
Aclamando a excitação,
Tudo gira.
Só o que não pesa, jaz.
Sem fundura,
Nem aspereza,
Permanece o que me carrega.
Verdades ao alto,
Pensamento não se esquiva.
Calcanhares pelo chão,
Prisão do inevitável.
Nem meio belo,
Sem inteira cor,
O que passa é desnutrido,
O que chega não para em pé.
terça-feira, 10 de março de 2009
Semente
Banco de Imagem SXC
Existe um tempo entre o passado e o presente.
Um espaço letárgico,
Onde o homem é planta.
Um espasmo de vazio,
Onde se consegue estar,
Sem ser.
Situar-se ali é sair de lá,
Quando percebe
Já está de volta, o presente.
Como uma antena não sintonizada,
Nada entra, nada sai.
Nenhuma informação é proeminente.
É um estado de plenitude espiritual,
Abarrotado de significados sem denominação
que explodem e perdem-se entre os mil.
Travestido de olhos compenetrados,
Tem junto as mãos balançantes,
Que move o que parece ser.
No real,
Sobrevivendo ao ar respirável,
Irradia-se a imagem literária de humano.
Presente, com os pés sobre o estofado,
Não há distinção teórica entre
O corpo e a hortaliça.
Um espaço letárgico,
Onde o homem é planta.
Um espasmo de vazio,
Onde se consegue estar,
Sem ser.
Situar-se ali é sair de lá,
Quando percebe
Já está de volta, o presente.
Como uma antena não sintonizada,
Nada entra, nada sai.
Nenhuma informação é proeminente.
É um estado de plenitude espiritual,
Abarrotado de significados sem denominação
que explodem e perdem-se entre os mil.
Travestido de olhos compenetrados,
Tem junto as mãos balançantes,
Que move o que parece ser.
No real,
Sobrevivendo ao ar respirável,
Irradia-se a imagem literária de humano.
Presente, com os pés sobre o estofado,
Não há distinção teórica entre
O corpo e a hortaliça.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Mais um Café
Preciso de mais.
Estar quase explodindo é o único jeito de viver.
Assim, com a pulsação disparada,
Com a cafeína no corpo
E os passos pedindo arrego.
A inércia da mão que escreve sem pensar,
Do cérebro que não precisa descansar.
Tudo flui,
Não posso parar!
Não há tempo de sentar e olhar para o lado,
De ver quão bonito é o que esqueço,
De sentir o sorriso sincero de qualquer um.
Um flash e o dia acaba!
Já é meia noite e seis da tarde acabou de passar.
Os sonhos fazem a continuação do que não deu tempo de ser
E o despertar é só mais um passo na vertical.
Meu relógio corre e eu não posso perder o fôlego.
Se perco o tempo, me perco.
Se perco o tempo, me perco.
Agora preciso ir...
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Sem Novo (Inteiro)
Roubaram meu ar
As lagrimas também ficaram presas,
Sem pensar em sentir algo real
Deixei-me feliz por todo o instante.
Habilitei-me de esquecer os desejos,
Pude dizer o alegre e sorrir em demasia,
Cumpri a promessa de ser adequado
Fiquei estagnado no meu subterrâneo.
Com a melancolia de ser mediocremente Eu
Observei com os olhos fadados a decepção
Uma força tão fraca que nem a vitória se valeu graça.
Tentei reforços, mas o escudo não precisou,
O rosto ria sozinho com o dentro cheio de choro
E mais uma vez agradecia a miséria do outro.
Sem voz, o inverno patológico se fixou,
Mas o casco de ser sábio,
Pesa, arde, mas tem de estar.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
O Tempo Tira
Sem tempo de ser nada
Passo horas sem saber quantos minutos faltam
para acabar minha preocupação.
Por vezes caio na tentação de tentar entender
o que é que tanto demora o tempo,
que não larga o pensar nem por um instante.
Sigo sobre os segundos assíduos de pressa,
e sem parar,
passo milênios a fio buscando o caminho certo
para não errar o passo e ter de voltar tudo
em um tempo que não tem volta.
Quando me busco ao redor e escuto o relógio correndo,
Não sei se paro e olho
Não sei se sigo e esqueço.
No meio de todo esse vazio temporal,
a ilusão fica a parte do que me presta,
tirando sonhos, tirando céus.
O que vale é o tempo que não me sai dos pés.
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