segunda-feira, 30 de março de 2009

No chuveiro

SXC banco de imagens

Água que corre ao ralo,
queima o ombro,
Mistura ao olho.

Desce sem ritmo.
Com pressa de ir,
Leva o que não cabe mais.

Transborda o corpo,
Urra a quietude,
Silencia o nó da garganta.

Explosão de temperatura,
Rima o que ensaboa,
Chora o que não é lavado.

Fadiga de quem não quer mais,
Fecha o pingo,
Abre a boca.

Hora de voltar para a fumaça,
engolir o erro,
tornar-se apático.

Sem rebater,
Sem impugnar,
Sem saber o que se é no meio do que já se foi.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Dois e Meio

SXC banco de imagens

Outro viés do mesmo capítulo.
Sem cá,
Nem pé,
A sintonia é o que movimenta.

Tempos reiterando a paz,
Em outros,
Aclamando a excitação,
Tudo gira.

Só o que não pesa, jaz.
Sem fundura,
Nem aspereza,
Permanece o que me carrega.

Verdades ao alto,
Pensamento não se esquiva.
Calcanhares pelo chão,
Prisão do inevitável.

Nem meio belo,
Sem inteira cor,
O que passa é desnutrido,
O que chega não para em pé.

terça-feira, 10 de março de 2009

Semente

Banco de Imagem SXC
Existe um tempo entre o passado e o presente.
Um espaço letárgico,
Onde o homem é planta.

Um espasmo de vazio,
Onde se consegue estar,
Sem ser.

Situar-se ali é sair de lá,
Quando percebe
Já está de volta, o presente.

Como uma antena não sintonizada,
Nada entra, nada sai.
Nenhuma informação é proeminente.

É um estado de plenitude espiritual,
Abarrotado de significados sem denominação
que explodem e perdem-se entre os mil.

Travestido de olhos compenetrados,
Tem junto as mãos balançantes,
Que move o que parece ser.

No real,
Sobrevivendo ao ar respirável,
Irradia-se a imagem literária de humano.

Presente, com os pés sobre o estofado,
Não há distinção teórica entre
O corpo e a hortaliça.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mais um Café


Preciso de mais.
Estar quase explodindo é o único jeito de viver.
Assim, com a pulsação disparada,
Com a cafeína no corpo
E os passos pedindo arrego.

A inércia da mão que escreve sem pensar,
Do cérebro que não precisa descansar.
Tudo flui,
Não posso parar!

Não há tempo de sentar e olhar para o lado,
De ver quão bonito é o que esqueço,
De sentir o sorriso sincero de qualquer um.

Um flash e o dia acaba!
Já é meia noite e seis da tarde acabou de passar.
Os sonhos fazem a continuação do que não deu tempo de ser
E o despertar é só mais um passo na vertical.

Meu relógio corre e eu não posso perder o fôlego.
Se perco o tempo, me perco.
Agora preciso ir...