Sem Dono
O dia úmido,
chora o maltrato,
rega a terra coberta de piche.
Na laje,
choro de crianças,
desgraça de velhos.
Sem roupa ou documento,
o homem se vê talado,
urrando a injustiça maior do mundo.
De pés descalços,
o menino que sobe no barco de isopor,
prancha até o outro lado da rua.
Ratos e cachorros adestrados
convivem juntos a aflição.
Árvore, lixo e céu fazem a paisagem natural,
cheiro de podridão,
o homem-urubu fazendo seu cotidiano.
Quando o biológico chega de alarmar,
a família volta ao colchão
e entope o riacho com o sofá encharcado.
Quem é a vítima?
Um comentário:
VC SABE MUITO BEM MISTURAR A POESIA COM A CRITICA SOCIAL, ESSAS LEITURAS POÉTICAS DAS "DUREZAS" QUASE SURREAIS, SÃO ESSENCIAIS PARA NOS TIRAR DA CEGUEIRA COTIDIANA.
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