domingo, 21 de junho de 2009

Sem Dono


O dia úmido,
chora o maltrato,
rega a terra coberta de piche.

Na laje,
choro de crianças,
desgraça de velhos.

Sem roupa ou documento,
o homem se vê talado,
urrando a injustiça maior do mundo.

De pés descalços,
o menino que sobe no barco de isopor,
prancha até o outro lado da rua.

Ratos e cachorros adestrados
convivem juntos a aflição.

Árvore, lixo e céu fazem a paisagem natural,
cheiro de podridão,
o homem-urubu fazendo seu cotidiano.

Quando o biológico chega de alarmar,
a família volta ao colchão
e entope o riacho com o sofá encharcado.

Quem é a vítima?

Um comentário:

Rozi Gonçalves disse...

VC SABE MUITO BEM MISTURAR A POESIA COM A CRITICA SOCIAL, ESSAS LEITURAS POÉTICAS DAS "DUREZAS" QUASE SURREAIS, SÃO ESSENCIAIS PARA NOS TIRAR DA CEGUEIRA COTIDIANA.