quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O passado que não serve pro futuro


Andam dizendo desde que nasci
Que somos seres sugadores de tudo que nos oferecem.

Às vezes roubamos essa quase completude do outro
e traduzimos para o nosso Eu como parte de um
quebra-cabeça semi-pronto que temos por dentro.

Ou então, como se fosse um líquido,
essa informação escorre sobre os espaços vazios
da mente e penetra nas partes faltantes que
estão esperando para serem conectadas.

Mas, e quando tudo dessa sucção é insuficiente até
onde deveria servir com perfeição?

Fica um vazio de passado, como se o vivido
não tivesse tido a importância que teve.
É como se tudo ficasse esburacado
sem matéria para tampar os espaços,
por que naquele momento eu deveria ter sugado mais.

É um arrependimento sem piedade que chega e derruba o ego.
Que me faz sentir caminhar para trás.
Que me faz olhar para frente e não enxergar.

A possibilidade de enfrentar esses buracos do presente
me congela como uma incompetência explicita que é
colada na minha testa e parece estar à vista
de todos que me olham.

É... Falhei!

Agora vou sair quieta, com a consciência de que
meu erro teve uma conseqüência real.
De que pôde ser diferente e eu fiz ser igual.

Arrependimento passa!
Mas olhar pra ele só me faz crer o quão tolo fui
O quão tolo vou-me sentir ser.

Estou aqui esperando...
Assim como passou aquele, vai passar este, e o outro, e o seguinte...
Até eu encontrar um novo equívoco escondido nos atos covardes,
Misturados nas peças embaralhadas,
Escorridos nos buracos errados,
Enfraquecido diante do hoje e omitido no tempo do depois.

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