terça-feira, 16 de setembro de 2008

Meio Eu


Ontem foi o último dia daquela fase
Quando fechei os olhos, senti um calafrio seguido de um alívio poderoso.
As dores nas costas, de tanto peso de consciência, se foram...
Minhas horas de sono intermináveis se viram aparentemente livre de reprovação.

Foi uma fase pequena e intensa, no mais, cinco minutos de fobia, que pareceram uma eternidade.
Mas, se foi...
E foi com ela uma montanha de sentimentos enclausurados,
Um mar de sensações imprevisíveis
O céu de tamanho medo.

Virei pro lado e reparei nas minhas pernas entrelaçadas e nos braços debaixo do travesseiro fino
e vi que ainda era eu em cima de um colchão macio.
Reparei que aquela voracidade toda, era delicada até nos traços do meu umbigo.

Não entendi mais nada...

Tinha me transformado em alguém grande há um minuto e meio atrás, mas, me via como uma criança coberta pelo frio, novamente.
Minha mente começou, então, a borbulhar sem sentido.

Nada mais parecia compatível a minha imagem e
ao meu ser real.
Era uma discrepância quase intolerável pela qualidade de ser humano.
Mas depois de alguns experimentos incoerentes, consegui achar-me nua, cheia de temores, escondida atrás da minha carne.

Como uma tentativa surreal de entender toda essa performance,
fingi-me de morta até que meus olhos captaram a imagem de um local úmido
e meus ouvidos foram obrigados a exigir da minha concentração um ápice de desempenho para alcançar um sussurro das evidências implícitas.

Nada mais tinha sentido...

Assim como as palavras de descrição, o instante era tão paradoxo que se tornou intraduzível.
Sem poesia talvez, ou cheio dela entre as camadas da parede descascada.

Sem sentir, voltei-me novamente para as pernas agora erguidas, com os braços sobre o peito e mergulhei num próximo sonho.

Um comentário:

Anônimo disse...

foto da meia?

rs


saudade